Acredite: Lula afirmou que “morreram 700 milhões de brasileiros de Covid”

Leia a coluna do jornalista Flavio Pereira no jornal O SUL.

 

Aparentemente sóbrio, o presidente Lula da Silva (PT), especialista em chutar números para uso político, afirmou na última quinta-feira (11) que morreram 700 milhões de brasileiros durante a pandemia de covid-19, diante do silêncio de uma plateia amestrada. Foi na cerimônia de assinatura do Decreto de Regulamentação da Lei Paulo Gustavo, que destina recursos para o setor cultural, em Salvador (BA). O absurdo não mereceu nenhum senão das autoridades e do público restrito que compareceu na solenidade, embora o Brasil, segundo o IBGE, tenha 207,8 milhões de habitantes, com base na prévia do Censo 2022. Nenhuma das atentas agências que denunciam fake news apareceu até agora para corrigir a desinformação de Lula.

A volta da polêmica das mortes por covid

A fala de Lula e a manipulação do número de mortos por covid para uso político, diante da certeza de que não será contestado por ninguém, trouxe de volta a lembrança do estudo elaborado pelo auditor do Tribunal de Contas da União Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, e que foi formalmente desautorizado por aquele órgão. Lembram? Marques é auditor concursado, e trabalha desde 2008 no TCU e foi execrado após trazer o estudo. Como todos sabem, há muitos interesses políticos e econômicos envolvidos nessa questão da pandemia, pois havia uma espécie de “prêmio” mediante a distribuição de recursos do governo federal a estados e municípios, utilizando como critério o número de pessoas infectadas, e o total de óbitos.

Recuperando os fatos

De forma extraoficial, o auditor do TCU revelou em estudo de 125 páginas, fortes indícios de uma suposta supernotificação do número de mortes por covid-19 no Brasil. O estudo foi desautorizado pelo TCU. Por exemplo: um sujeito que morreu em acidente de trânsito, e a autópsia revelou ter contraído covid, teve seu óbito atribuído ao vírus. Outro, que sofreu uma queda no banheiro de sua casa, bateu com a cabeça e morreu de traumatismo, teve a morte atribuída à covid, por estar infectado pelo vírus. E assim milhares de outros casos. O auditor Alexandre Figueiredo estimou em 41% o número real de óbitos ocorridos no país em decorrência do covid. Se esse estudo, baseado em dados dos Cartórios de Registros Naturais de todo o País estiver certo, ao invés dos 702 mil óbitos lançados até agora por governadores e prefeitos, o número real seria de 287 mil. O número exagerado de óbitos por covid seria decorrente de “um expediente de governadores para obterem mais recursos do Executivo Federal”, aponta o relatório.

Mortes por covid até hoje seriam 287 mil?

O dado está registrado no portal oficial do Ministério da Saúde: até ontem, o Brasil notificou 702.116 mortes por covid-19 desde o início da pandemia. A valer a supernotificiação de óbitos de covid denunciada no estudo usado por Alexandre Figueiredo para chegar a esta conclusão, na verdade teríamos 41% deste total, chegando aos 287 mil. Porque, se este relatório que não foi considerado pelo Tribunal de Contas da União, fosse examinado com rigor, teríamos uma nova realidade do número de óbitos no Brasil desde o início da pandemia.

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