Jair Soares, ex-governador gaúcho, mantém confiança em Jair Bolsonaro.

Leia o colunista Flavio Pereira no jornal O SUL:

https://www.osul.com.br/uma-conversa-com-jair-soares/

Jair Soares, vereador, deputado estadual, deputado federal, ministro da Previdência de 1979 a 1982 e governador de 1983 a 1987, conversou com o editor deste blog.

O ex-governador, filiado ao Partido Progressista, não concorda com o rumo que vem sendo dado ao debate sobre a proposta de reforma da previdência que afetará os policiais militares gaúchos, em especial os coronéis.

E deixou claro que “não tenho nenhum parente coronel. Mas sou neto de brigadiano. Meu avô terminou a carreira como major, num tempo em que os oficiais permaneciam a vida inteira na Brigada, até morrer. Não havia a chamada expulsória criada mais tarde pelas Forças Armadas. Como não atualizaram mais, ainda se vê hoje coronéis indo para a reserva com 50 anos. Mas o que deveria ter acontecido, é a atualização da idade limite, que ficou defasada gerando estas distorções, pois assim não há sistema atuarial que aguente”.

Jair Soares chama a atenção para o fato de que “não será execrando coronéis, com histórias de bravura e grandes serviços prestados, que vamos fazer a justiça neste caso. Veja: o que se pretende, atribuindo um desconto de 22% nos vencimentos dos coronéis, é ao final impor um desconto de 52% se somarmos Imposto de Renda (27,5%) e IPE Saúde (3,1%).

-Enquanto isso, o governo não vai atrás de situações, como a CEEE, que deve três folhas de pagamento de ICMS não recolhido. Cadê o Ministério Público e o Tribunal de Contas neste caso?

Apoio a Jair Bolsonaro

O ex-governador, que não gosta de conceder entrevistas, tem conversado com seus colegas, os ex-governadores Pedro Simon, Germano Rigotto, Tarso Genro e José Ivo Sartori, e que prefere não se manifestar publicamente, telefonou para o colunista para conversar sobre alguns temas.

No apoio a Jair Bolsonaro, afirma que não se arrepende. Lembra que condicionou este apoio ao combate à corrupção, e que analisando todo o contexto, não está arrependido.

-Ele esteve na minha casa, e enfatizei que combatesse a corrupção, fizesse os investimentos necessários em hospitais, e saneamento, para ampliar a água e esgoto tratado, e em infraestrutura, mudando aquela situação onde o Brasil mandava dinheiro via empréstimo para outros países, contumazes mau pagadores.

Atualizado com o cenário político, Jair Soares avalia que no caso da Lava-Jato e em questões relevantes, como a chamada PEC da Bengala (que permite a presença de ocupantes de tribunais superiores até os 75 anos) o movimento do presidente de aproximação do Centrão, fará com que “por linhas tornas, obtenha o apoio necessário a esta e outras iniciativas”.

Jair Soares não tem dúvidas de que “Rodrigo Maia (ex-presidente da Câmara) prejudicou o país”.

Gestão da pandemia

Com a vida pública muito ligada à saúde, e com a experiência de ter sido ministro da Previdência quando o ministério detinha o terceiro maior orçamento do país – atrás apenas da própria União, e de São Paulo – Jair Soares critica quem defende o lockdown e o funcionamento precário dos serviços públicos de forma remota como forma de se contrapor à pandemia. Ele destaca que “sempre valorizei o funcionalismo” mas aponta o que considera um equívoco:

– Se o brigadiano, o policial civil, o motorista, os profissionais de saúde, o frentista do posto e tantos outros podem trabalhar, porque o funcionalismo não pode?

Aumento de Impostos

Embora compreenda o quadro de dificuldades dos gestores com a falta de recursos, Jair Soares afirma que “aumentar imposto não resolve”.

No caso do aumento do ICMS, Jair Soares comenta que “quando governei, existiam 232 municípios, e 40% do ICMS era repassado para manutenção das estruturas do estado nestes municípios. Aí passamos para 497, e as demandas aumentaram para o Estado manter os serviços em todos esses municípios”.

Para ele, “estamos na verdade, andando para trás em matéria de administração pública”.

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