Novela de privatização da Corsan vai chegando ao final

Da coluna do jornalista Flavio Pereira no jornal O SUL

A novela da privatização da Corsan, ganhou ontem (20) um dos derradeiros capítulos, depois que funcionários da companhia decidiram em assembleia referendar, quase que por unanimidade, o acordo inédito negociado junto ao TRT-RS (Tribunal Regional do Trabalho), extinguindo a ação que questionava direitos trabalhistas dos empregados da Companhia. A decisão de ontem é um marco do término das barreiras judiciais que impediam a assinatura do contrato de desestatização com a Aegea. Nunca é demais lembrar que a Aegea foi a vencedora do leilão realizado em dezembro do ano passado, na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. O ultimo obstáculo nessa corrida, não tem origem em decisão judicial, mas em caprichoso parecer monocrático de uma conselheira substituta do Tribunal de Contas do Estado que impede desde dezembro de 2022, a conclusão do processo de transferência das ações da Corsan para a Aegea.

Risco de apagão nos serviços de saneamento da Corsan

Um outro fato curioso neste intrincado mistério que inspira algumas decisões de órgãos técnicos, é a cirúrgica Ordem de Serviço emitida pelo TCE em 5 de maio último determinando que a Corsan se abstivesse de qualquer comunicação com a empresa que a arrematou em leilão realizado em dezembro último. A medida tem uma consequência prática: a prestação de serviços da Corsan corre risco de apagão. A descontinuidade poderá acontecer a partir da preciosa ordem de serviço do TCE, porque a interação entre as companhias no âmbito Operacional e de Tecnologia preveniria interrupções no atendimento à população, uma vez que possibilitaria uma transição planejada entre as duas gestões. Atualmente, a Corsan está presente em 317 municípios e atende a 6,5 milhões de pessoas.

Calculo otimista indica final da novela

Depois da decisão de ontem no Tribunal Regional do Trabalho, já existe um cálculo otimista, baseado no bom senso, indicando que até o início de julho, poderá ter início a operação da Corsan sob gestão da Aegea, garantindo R$ 1,5 bilhão em investimentos, ao ano, nos sistemas de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto para 6,5 milhões de gaúchos de 317 municípios até 2033, como prevê o contrato. Dentro de poucos dias após a assinatura do contrato com o Governo gaúcho há previsão de início em todo o estado, de um mutirão de obras para recuperar os investimentos que já teriam sido feitos caso a empresa tivesse assumido imediatamente após o leilão. Esse valor é mais que o dobro do investimento anual máximo da história da Corsan (R$ 643 milhões).

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