Concurso Nacional Unificado: veja o que deve cair na prova .

Apenas duas semanas separam o dia de hoje e data das provas do Concurso Nacional Unificado (CNU), a ser realizado no dia 05 de maio e que vai mobilizar 2,1 milhões de pessoas em todo o país, o maior da história.

Nesta semana, o governo federal confirmou os horários das provas, que serão aplicadas em dois turnos, de manhã e de tarde, para todos os candidatos, às 9h e às 14h30, no fuso horário de Brasília. Para garantir a realização do certame, os Correios serão encarregados da ampla logística de pela entrega dos lotes nos locais de exame distribuídos em 228 cidades de todo o território nacional. A União sinalizou que os gabaritos das provas serão disponibilizados no próprio domingo, após as 20h.

O resultado final do concurso está previsto para 30 de julho. Há quem deixe para estudar na reta final. Outros, se preparam a anos para uma oportunidade como esta: são 6.640 vagas para 21 ministérios do governo federal.

Com tão pouco tempo no relógio, cursinhos preparatórios já se reorganizam aulas para enfatizar os temas a serem cobrados e candidatos “independentes” analisam o edital em busca de pistas.

Em todos os casos, o óbvio não deixa de ser necessário: é preciso revisar conteúdos e realizar simulados, para testar os conhecimentos e se ambientar com o ritmo das provas.

Cada órgão definiu pesos diferentes para cada eixo temático. Ou seja, mesmo com as vagas agrupadas em um mesmo bloco, os conteúdos cobrados terão pesos diferentes dependendo do cargo.

Pensando nisso, o jornal EXTRA consultou os melhores especialistas em concursos do país para montar um guia que vai direcionar os candidatos nos últimos dias antes da realização dos testes. Confira abaixo como estudar para o CNU, na reta final.

Como será a prova

 

Aos candidatos de nível médio, no bloco matutino, com duração de 2h30, serão aplicadas as provas objetivas de conhecimentos gerais, com 20 questões. Junto, será entregue uma redação a ser escrita. O bloco vespertino terá duração de 3h30 e 40 questões objetivas.

Aos candidatos de nível superior, no bloco matutino, com duração de 2h30, serão aplicadas as provas objetivas de conhecimentos gerais, com 20 questões. Junto, será entregue uma prova discursiva de conhecimento específico do bloco. No bloco vespertino, com duração de 3h30 e 50 questões, serão cobrados conhecimentos específicos, em questões objetivas.

Para ambos casos, metade da nota será voltada à análise do conteúdo, e, a outra metade, ao correto uso da língua portuguesa.

Perfil da banca

 

De acordo Eduardo Cambuy, professor do Gran Cursos, a Cesgranrio costuma focar na interpretação de texto dos candidatos e cobrar menos conteúdos que exigem “decoreba”, com questões que não fazem muito rodeio no texto de apoio.

Peso por cargo

 

Cada um dos blocos terá cinco eixos temáticos. Cada órgão definiu pesos diferentes para cada eixo temático. Ou seja, mesmo com as vagas agrupadas em um mesmo bloco, os conteúdos cobrados terão pesos diferentes, dependendo do cargo selecionado.

Novidades

 

Não haverá uma prova de Língua Portuguesa, por exemplo, mas o conhecimento do candidato será medido por sua aplicação prática, com respostas discursivas (nível superior) ou na prova de Redação (ensino médio). Além disso, entraram áreas anteriormente não contempladas, como Diversidade, Integridade e Ética.

Segundo o professor Stefan Fantini, do Estratégia Concursos, a interdisciplinaridade será uma característica marcante das questões de políticas públicas no CNU, o que significa dizer que os conceitos teóricos e técnicos de políticas públicas estarão relacionados a outros assuntos, especialmente ligados a questões históricas e sociais do nosso país.

Disciplinas básicas aos blocos 1 a 7

 

As pessoas que se inscrevem para os cargos de nível superior farão a mesma prova de conhecimentos gerais em todos os blocos temáticos. Quanto à prova de conhecimentos específicos elas serão personalizadas para cada bloco temático, explica Rodrigo Lelis, especialista em concursos.

A Cesgranrio, banca do certame, gosta de “passear” por todo o edital, mas tem predileção por alguns assuntos, salienta Bruno Bezerra, professor do Estratégia Concursos, que fez um levantamento dos conteúdos que costumam ser cobrados pela Cesgranrio nas disciplinas básicas que serão cobradas dos blocos 1 ao 7.

Diversidade e inclusão na sociedade: Pessoas com deficiência; Idosos; Crianças e adolescentes

Dica: É importante estudar os conceitos fundamentais e os conceitos básicos da diversidade, da inclusão e dos diferentes grupos vulneráveis , diz a professora de Direitos Humanos do Direção Concursos, Marianna Zacharias.

Ética e integridade: Decreto 1.171/94; Princípios e valores éticos do serviço público; Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011).

Dica: O candidato deve dominar as diferenças conceituais entre ética e moral, que são conceitos considerados sinônimos no senso comum, mas que são cobrados distintamente em provas, destaca o professor Roberto Eleuterio do Direção Concursos.

Políticas públicas: Processos de decisão; Monitoramento e avaliação; Gestão de projetos

Dica: É preciso que o candidato saiba diferenciar os diversos conceitos que políticas públicas podem ter, afirma Gilson Maciel, Políticas Públicas, do Direção Concursos. O mais importante é que o estudante leve para a prova uma boa noção sobre o ciclo de políticas públicas, em todas as suas etapas, como, formação da agenda, formulação, processo decisório, implementação, porque isso vai ser fundamental.

Finanças públicas: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual; Estrutura de receitas e despesas do Estado brasileiro

Dica: Marcel Guimarães, do Direção Concursos, destaca que os candidatos podem estudar, com ênfase, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Além disso, devem olhar os artigos n° 165, 166 e 167 da Constituição. Para finalizar, precisam estudar tanto a lei federal n° 4.320 quanto o Manual de Contabilidade aplicado ao setor público.

Administração pública federal: Regime Jurídico Único; Agentes Públicos

Dica: Vale a pena que os candidatos estudem sobre a lei federal n° 8.112, que é o regime jurídico dos servidores, elucida Érica Porfírio, professora do EmÁudio Concursos.

Desafios do Estado de Direito: Por se tratar de uma matéria recente no mundo dos concursos, não há retrospecto de cobrança desses conteúdos em provas da Cesgranrio. Porfírio destaca que a disciplina está relacionada ao combate de discriminações raciais, etárias e de gênero e desigualdades de renda e regionais.

Disciplinas específicas dos blocos

 

Cada um dos blocos tem cinco eixos temáticos, que variam bastante um do outro. Cada órgão definiu pesos diferentes para cada eixo temático. Ou seja, mesmo com as vagas agrupadas em um mesmo bloco, os conteúdos cobrados terão pesos diferentes, dependendo do cargo selecionado. No momento da inscrição, cada candidato selecionou, por ordem de preferência, a lista de cargos aos quais concorre.

Sendo assim, explica Francisco das Chagas, especialista em concursos e professor do Direção Concursos, a principal dica é uma rotina de estudos personalizada à escolha sequencial dos cargos. Principalmente porque, dos blocos 1 ao 7, a exigência de nível superior aos cargos já indica que o candidato detém algum conhecimento sobre a área, finaliza.

Bloco 8: No bloco voltado às carreiras de nível médio, os estudos devem focar os conhecimentos de realidade brasileira, que envolvem temas como políticas públicas, direitos humanos, diversidade, inclusão e meio ambiente, indica o professor da Central de Concursos, Gabriel Henrique Pinto.

Um diferencial aos alunos do bloco pode ser o foco voltado à redação, que fará bastante diferença na classificação dos candidatos, explica Erick Alves, sócio-fundador do Direção Concursos.

Estudo gratuito

 

Gran CURSOS

O GranCursos já disponibilizou uma seção em seu site na qual compilou diversos materiais gratuitos destinados aos interessados no CNU (https://bit.ly/3xJIdqm). Além disso, o grupo também fez uma apostila para quem não quer deixar passar nada nessa reta final (https://bit.ly/3W7kU4a). Há, também, uma lista de vídeos no Youtube para complementar os estudos, com lives salvas de professores ( https://bit.ly/3JoRKFM).

PROFESSOR NOSLEN

Conhecido pela forma irreverente com a qual leciona, o professor Noslen Borges fez uma dúzia de vídeos focados no conteúdo de Língua Portuguesa. (https://bit.ly/4b3P9gi).

ESTRATÉGIA CONCURSOS

O Estratégia lança, em seu canal no Youtube, vídeos de revisão, em uma playlist ( https://bit.ly/4aGVfU7). O curso faz transmissões focadas na preparação final (https://bit.ly/3UpVSfi). Professores farão uma “superlive” no sábado, véspera da prova, com dicas. Aqui (https://bit.ly/3vWlJC5), é possível conferir tudo o que já foi publicado sobre o Concurso Nacional Unificado pelo cursinho.

Professor Tiago Gomes

O renomado professor Tiago Gomes, especialista na área de Matemática dos concursos Brasil afora, gravou dezenas de vídeos explicando os principais conceitos de matemática que serão cobrados no CNU, segundo o edital (https://bit.ly/3UoId7Z).

DIREÇÃO CONCURSOS

Já o Direção Concursos prepara uma série de vídeos em seu canal do Youtube intitulada “Como eu estudaria”, na qual professores com anos de carreira e diversas aprovações em certames dizem de que forma conduziriam os estudos nas semanas finais (https://bit.ly/3xFDIgx). Além disso o curso também disponibiliza uma lista com vídeos gratuitos (https://bit.ly/3w0jptE). Há também uma seção no site do Direção no qual há dezenas de materiais gratuitos, focados no maior concurso da história (https://bit.ly/3Uq4BxS).

Salários variam entre R$ 3.700 e R$ 22.900

 

A maior parte das vagas do Concurso Nacional Unificado é para ensino superior, com 5.948 postos. Os salários, em alguns casos, chegam a R$ 22.900. As vagas que exigem apenas o ensino médio são, no total, 692, todas concentradas no bloco 8 do processo seletivo ,com remuneração a partir de R$ 3.700. Isso significa que há pouco mais de oito vagas para portadores de diploma universitário para cada uma de nível médio.

O engenheiro Lelber Barbosa, de 30 anos, usará seu diploma para concorrer a postos do bloco 7, de Gestão e Administração Pública. Os mais desejados, por ele, são de analistas técnicos do Ministério da Cultura ou do Ministério da Justiça — com vagas em Brasília, onde mora.

Mas o jovem não descarta outras chances e até se mudar para assumir uma cadeira como servidor público federal. Vai concorrer ao total de oito cargos através desta seleção. O Concurso Nacional Unificado, organizado pela Fundação Cesgranrio, traz esta vantagem:

— Eu já fazia outros concursos, normalmente na área de bancos. Já viagei para fazer prova de seleção no Rio de Janeiro. A proposta do CNU é inovadora então. O fato de fazer uma prova e concorrer a mais de um cargo aumenta as chances de aprovação. — resume.

Também há outros benefícios, sentidos no bolso:

— Permite economizar em taxas de inscrição e concorrer para vagas em todo o Brasil fazendo a prova na minha cidade — lembra ele.

Lelber, que trabalha atualmente como supervisor de ouvidoria em uma empresa, tem conciliado as atividades da função e o estudo para se dar bem na prova, que acontecerá no próximo dia 5.

— Estou atualmente me dedicando à preparação para o CNU cerca de três a quatro horas por dia. Mas peguei férias estrategicamente pra intensificar o estudo recentemente. Aí conseguia focar por 7 a 8 horas por dia — conta Lelber, animado para conquistar a tão sonhada estabilidade no mercado de trabalho.

Certame histórico

 

Apenas no primeiro dia de cadastro, o site do Concurso Nacional Unificado enfrentou congestionamento e mais de 200 mil pessoas se registraram. Ao fim do prazo, o concurso se confirmou o maior processo seletivo de vagas na administração pública, com um recorde de 2,1 milhões de inscritos: 600.875 isentos e 1.543.560 pagantes. O estado de São Paulo foi a unidade da federação com maior presença, seguido pelo estado do Rio e o Distrito Federal.

Veja como ficou o cenário por bloco: Infraestrutura, Exatas e Engenharias (727 vagas) – 121.838 inscritos; Tecnologia, Dados e Informação (597 vagas) – 77.943 inscritos; Ambiental, Agrário e Biológicas (530 vagas) – 102.922 inscritos; Trabalho e Saúde do Servidor (971 vagas) – 336.284 inscritos; Educação, Saúde, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (1.016 vagas) – 300.766 inscritos; Setores Econômicos e Regulação (359 vagas) – 74.283 inscritos; Gestão Governamental e Administração Pública (1.748 vagas) – 429.370 inscritos; Nível Intermediário (692 vagas) – 701.029 inscritos.

Arrecadação

 

O total arrecadado com as taxas de inscrição foi de pouco mais de R$ 126 milhões. Segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o valor é superior ao custo final do CNU. Assim, a arrecadação é suficiente para garantir todos os investimentos com o concurso.

Acessibilidade

 

Os editais da seleção foram apresentados pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) numa série de vídeos em Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Cotas

 

Cotas raciais foram solicitadas por 420.793 concurseiros e não há registro de um concurso público com maior número. Do total de vagas, 20% será reservado para candidatos negros ou pardos. Indígenas inscritos foram 9.339, que concorrerão a vagas na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A cota é de 30% das 502 vagas. Haverá ainda 5% de vagas reservadas a pessoas com deficiência.

Os candidatos que se inscreveram para o CNU na opção de cotistas competem tanto pelas vagas reservadas quanto pelas vagas de ampla concorrência. Quando todas as vagas reservadas são preenchidas, os candidatos inscritos nas cotas que obtiverem notas suficientes para serem aprovados na categoria de ampla concorrência passam automaticamente a concorrer nessa categoria.

Megaoperação

 

Os Correios serão encarregados da ampla logística de entrega dos lotes contendo mais de 2,1 milhões de testes nos locais de exame distribuídos em 220 cidades de todo o território nacional. Além disso, coordenarão o retorno dos cartões de resposta das unidades para a correção. O MGI incluiu ainda a Força Nacional de Segurança Pública em pontos-chave da operação. A medida visa proteger tanto o processo de elaboração quanto o transporte e armazenamento das provas.

Proposta

 

Segundo o governo federal, alguns dos objetivos do Concurso Nacional Unificado são: promover igualdade de oportunidades de acesso aos cargos públicos efetivos e padronizar procedimentos na aplicação das provas. Por isso, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, confirmou a intenção de tornar o CNU uma seleção recorrente, realizada a cada dois anos. A previsão é de que a próxima edição ocorra já em 2026.

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