Demora na transferencia das ações da Corsan: Atraso nos investimentos em saneamento traz prejuízo à saúde e à economia do RS

O Rio Grande do Sul está perdendo a cada dia, qualidade de vida e oportunidades de crescimento social e econômico, com o atraso da transferência do controle acionário da Corsan à Aegea e o início dos investimentos no setor. O Secretário chefe da Casa Civil do governo gaúcho, Artur Lemos, admitiu ontem que muitas decisões que têm impedido a assinatura do contrato para a cessão do controle da Corsan à Aegea, e o início dos investimentos em saneamento, podem estar contaminadas “por uma ideologização”, o que segundo ele, não deveria ocorrer. Ele criticou o fato de se estar rediscutindo algo que já foi amplamente debatido e aprovado pela Assembleia Legislativa, e lamentou as ações judiciais que atrasam o início dos investimentos, considerando que são “infundadas”. “Em primeiro lugar, deveria ser considerado o interesse público e a segurança jurídica”, disse Lemos, em alusão ao leilão realizado em dezembro passado na Bolsa de Valores B3, no qual a Corsan foi vendida em um certame público após um processo transparente que cumpriu todas as etapas legais. Artur Lemos, e a presidente do Instituto Trata Brasil, a engenheira Luana Pretto, foram os participantes ontem do Tá na Mesa, reunião-almoço na Federasul, que tratou sobre o saneamento público.

“Governos dos partidos de esquerda não investiram em saneamento”

Artur Lemos lembrou que “os governos dos partidos de esquerda, que hoje combatem a privatização, tinham dinheiro, mas não investiram em saneamento”. Ele lamenta que com as medidas cautelares que atrasam o início de operação da empresa que venceu o leilão e adquiriu as ações da Corsan, “estamos perdendo oportunidades e tempo. E tempo é dinheiro. O que nós buscamos é, independente se o serviço é público ou privado, os resultados, porque vemos o investimento em saneamento como uma oportunidade de melhoria do meio ambiente, da saúde, e da qualidade de vida”.

Atraso nos investimentos em saneamento travam o desenvolvimento

A presidente do Instituto Trata Brasil Luana Pretto, apresentou ontem, estudo sobre os Impactos Socioeconômicos e Geração de Empregos da Desestatização da Corsan, do Instituto e da GO Associados. Os dados levam a uma reflexão sobre o atraso em que se encontra o Rio Grande do Sul, no tocante aos investimentos em coleta e tratamento de água e esgoto. Hoje, os gaúchos têm 25,3% de esgoto tratado, número distante dos 90% que pretende atingir até 2033. Ela citou o estudo que aponta os ganhos que o Rio Grande teria com a implementação dos investimentos necessários em saneamento, que a Corsan demonstrou não ter condições de implantar. Com os novos investimentos privados previstos contratualmente pela empresa vencedora do leilão, o estado teria um ganho anual de R$ 77 milhões com saúde, e R$ 2 bilhões com aumento da produtividade, agregando ainda, a valorização ambiental, e um incremento de R$ 3,2 bilhões no turismo. “Para cada real investido, são gerados 5 reais em ganhos sociais, e um aumento de benefícios sociais e econômicos. Este ganho econômico é estimado em R$ 34,2 bilhões até 2033”, explicou. Na região Sul, ela aponta a distância do Rio Grande do Sul, em relação ao Paraná, estado onde o índice de distribuição de água está em 80%, e da coleta e tratamento em 70%, contra 25,3% e 39% dos gaúchos.

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