“A capacidade de liderança regional do Brasil já está afetada. O Uruguai liderou a manifestação de oito países manifestando preocupação quanto à lisura e à transparência da apuração. A tentativa de mediação na crise é apenas narrativa do PT”, avalia o presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), Rubens Barbosa, que foi embaixador do Brasil em Londres e em Washington.
Para Barbosa, a situação ficará pior se o governo brasileiro reconhecer a eleição de Maduro. “A eventual decisão de reconhecer a eleição de Maduro, o que acho difícil, depois da apresentação das atas, afetaria muito a percepção externa sobre a política externa do atual governo. Seria a prevalência da ideologia e dos interesses partidários sobre os reais interesses nacionais”, ressalta.
Carolina Silva Pedroso, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), considera que as posições mais enfáticas até agora, seja condenando, seja reconhecendo o governo de Maduro, são de países com interesses mais diretos e até ideológicos nessa pauta. “China, a Rússia, Irã, Turquia, enfim”, aponta. Mas ela pondera que o Brasil precisa agir alinhado a outros países para não se isolar.
“Acho que vai ser importante essa nota que está sendo construída com o México e com a Colômbia para (o Brasil) também não ficar isolado na região, ter importantes aliados nessa posição mais cautelosa…. Basicamente, a minha impressão é que ele (Lula) está cozinhando em banho-maria a situação, empurrando com a barriga, porque sabe que, para qualquer lado que for, as críticas vão ser muito duras”, analisa.
Publicidade