Com Michel Temer, a retomada do diálogo

Leia a coluna de Flavio Pereira no jornal O SUL:

https://www.osul.com.br/com-michel-temer-a-retomada-do-dialogo/

O presidente Jair Bolsonaro nunca me perguntou. Mas se perguntasse quem deveria ser o chanceler brasileiro, eu diria que defendo há muito tempo, que a vaga já deveria ter sido entregue ao ex-presidente Michel Temer. Um dos mais brilhantes constitucionalistas do País, Temer almoçou ontem com o presidente Jair Bolsonaro, trazido no avião da frota presidencial diretamente de São Paulo.

A pauta, naturalmente foi a crise institucional entre os poderes, agravada pelas fortes declarações de Bolsonaro nos discursos do 7 de Setembro. Não há muito o que comentar de um encontro reservado, mas alguém desejará saber o que aconteceu na reunião.

Bolsonaro: “críticas foram pontuais, não se dirigem aos Poderes”

Michel Temer sugeriu ao presidente Jair Bolsonaro durante o almoço um diálogo com o ministro Alexandre de Moraes e uma carta ao Brasil, propondo uma reaproximação cordial, mas independente entre os Poderes. Em um texto dividido em dez pontos, Bolsonaro disse que nunca teve a intenção de “agredir quaisquer dos Poderes”, o que é verdadeiro, pois suas críticas foram pontuais a membros do Poder Judiciário. Tanto assim, que reiterou no texto, que “boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news”, A outra ideia, que só poderia ser proposta por Temer, padrinho de Moraes, foi aceita: uma conversa entre os dois. Seguiu-se por iniciativa de Michel Temer um telefonema ao ministro Alexandre de Moraes. O telefone foi passado a Bolsonaro e ambos tiveram uma conversa  “institucional” e “amena”.

Porque a esquerda detesta Temer

A esquerda, e mais intensamente o PT, detestam Michel Temer, por ele ter assumido o governo após o impeachment da desastrada Dilma Rousseff e por ter promovido reformas que destravaram o desenvolvimento do Brasil. Atribuem a Michel Temer vilanias que foram forjadas em denúncias que depois se verificou, faziam parte de uma trama para enfraquecê-lo e impedir que fizesse as reformas necessárias ao País, contrariando corporações e bilionários interesses jurídicos, sindicais e eleitorais. Por conta disso, amargou enorme impopularidade. Ainda assim, ninguém tira do governo de Michel Temer o mérito e a coragem política de liderar a aprovação de várias medidas na área econômica, como o controle dos gastos públicos, por intermédio da PEC 55, que impôs limites a gastos futuros do governo federal; a reforma trabalhista de 2017; e a liberação da terceirização para atividades-fim com a Lei da Terceirização. Ele só não conseguiu aprovar a reforma da Previdência, devido à armação do chamado Joesley Day em maio de 2017, que enfraqueceu sua base no Congresso.

Leave a Reply